Editorial
Résumé
Neste número que fecha o ano de 2012, a variedade de contribuições é uma evidência dos múltiplos campos abrangidos pela noção de hospitalidade. Mostra, também, como o espaço da revista é ainda pouco explorado nas inúmeras aberturas que esta noção oferece.
O texto de abertura, de Dominique Ranaivoson, analisa a hospitalidade através de textos literários produzidos por autores das regiões viajadas. Sua originalidade é o recurso metodológico pouco utilizado nos estudos de hospitalidade turística entre nós, o da análise de textos literários.
Em seguida, este número traz o texto de Castro e Santos que apresentam os resultados de uma pesquisa em dez restaurantes diferentes que oferecessem como “carro chefe” o prato composto pelo alimento que eles estivessem pesquisando.
A hospitalidade virtual se faz presente no texto seguinte de Limberger e Anjos, que analisam o e-tourism tendo como objeto a busca de Balneário Camboriú como destino turístico, suas potencialidades e limites atuais, notadamente no que tange à interação das empresas com seus usuários.
No artigo seguinte, Arruda e Tarsitano trazem uma análise do evento como uma forma diferenciada de comunicação, que proporciona uma interação envolvendo os cinco sentidos daqueles que dele participam, gerando o fortalecimento da imagem e solidificando relacionamentos.
Teixeira e Langer estudam especificamente o Parque Nacional da Lagoa dos Peixes, no Rio Grande do Sul na sua contribuição à demanda turística, num sítio que para os locais ainda tem vocação agrícola.
Campos, Alquatti e Pereira estudam o potencial turístico do artesanato, tomando como objeto de estudo as arpilleras chilenas. Através da análise do discurso, mostram o tratamento reducionista dado à cultura pelo turismo.
Em seguida, Nascimento, Gomes e França analisam a hospitalidade no contexto do Turismo de Base Comunitária (TBC), apresentando a experiência do Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém (MMIB) por tratar-se de uma organização social de gênero que vem desenvolvendo um trabalho de roteirização na ilha de Cotijuba, pertencente à região insular de Belém-PA, identificando o papel de destaque apresentado pela hospitalidade local.
Finalmente, Filippim, Kushano e Bahl discutem a composição e avaliação do público do 20º Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná, edição 2010. O estudo compara as opiniões dos visitantes e residentes em relação ao evento.
Ao final de seus quase dez anos de existência, a reflexão que abre este editorial faz sentido aos que querem abordar temas ligados à hospitalidade, que antes de mais nada, aborda as relações marcadas pelo calor humano e pelo conflito entre o indivíduo que recebe e o que é recebido. Mais do que um campo de estudo, a hospitalidade é um novo paradigma de análise das relações interpessoais que acontecem em casa, na cidade, no comércio turístico e na crescente mediação virtual. A antropologia do acolhimento, a gastronomia, o e-tourism, o evento, o meio ambiente, o artesanato etc., temas aqui abordados, tomados conjuntamente, ilustram o horizonte do campo de pesquisa da hospitalidade, que ainda tem muito a se estender.
Boa leitura para todos.
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