Representações de hospitalidade e hostilidade no filme de animação Dragon Ball Z: A batalha dos deuses
DOI:
https://doi.org/10.29147/revhosp.v20.1079Palavras-chave:
hospitalidade, hostilidade, análise da imagem, cultura pop japonesa, Dragon Ball ZResumo
Este artigo discute as representações e práticas de hospitalidade e hostilidade no filme animado japonês Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses (2013). O filme narra a vinda de Bills, um Deus da Destruição e seu anjo assistente para a Terra em busca de um deus Super Saiyajin. Essa chegada inusitada suscita uma série de momentos de hospitalidade e hostilidade entre os personagens. Do ponto de vista metodológico, este trabalho caracteriza-se como exploratório e qualitativo, oriundo de um levantamento bibliográfico sobre a perspectiva da dádiva nos estudos de hospitalidade e sua aproximação com a hostilidade, e apoia-se nos princípios da análise da imagem, sobretudo, na semiótica – que permitiu desvelar os signos e suas possíveis representações no filme. A hospitalidade foi apresentada como ritual, desse modo desenvolveu-se de maneira complexa, pois os personagens nativos fizeram questão de demonstrar respeito e amizade, convidando os estrangeiros para uma festa privada, mesmo diante do potencial de destruição do visitante. No entanto, Bills permaneceu indiferente às convenções estabelecidas para a hospitalidade. A comida desempenha um papel crucial na relação, sendo uma dádiva oferecida ao estrangeiro. Quando esse ritual sacrificial foi quebrado, a hostilidade se instalou. Ressaltamos o aspecto subjetivo da hospitalidade na sociedade fictícia retratada no filme, simbolizado pelo próprio embate entre os personagens. A luta entre eles pode ser interpretada como uma forma de hospitalidade, em que a demonstração de poder e de habilidade representa uma maneira de receber e interagir com o visitante de forma única.
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