PARADOXO ENTRE PASSADO E PRESENTE NO CAIS DO VALONGO: Aspectos sob a ótica da hospitalidade
DOI:
https://doi.org/10.21714/2179-9164.2020.v17n2.001Palavras-chave:
Hospitalidade. Exaltação da cultura Afro-Brasileira. Cais do Valongo.Resumo
O presente artigo buscou analisar a relação entre o passado e o presente do Cais do Valongo, tendo como base aspectos hospitaleiros. Como fonte de análise histórica, temos o período do final do século XVIII ao século XIX, que corresponde do auge ao fim do tráfico negreiro no Rio de Janeiro. Para análises atuais, o objeto de pesquisa foi o grupo de estudos da cultura afro-brasileira “Tambor de Cumba”, que realiza mensalmente o evento “Tambor no Valongo” no Cais, apresentando manifestações culturais com danças, músicas e artes. O intuito deste artigo foi identificar a percepção dos aspectos da hospitalidade na cultura afro-brasileira, considerando o paradoxo entre determinado momento histórico e o atual. Esperava-se entender como é possível transformar a “memória negativa” de um local em momentos agradáveis, por meio da música e dança, tendo em vista que o Cais do Valongo remete à porta de entrada dos escravos traficados para o Rio de Janeiro e hoje está sendo utilizado como fonte de sensibilização e inclusão. Para tanto, foi realizada entrevista estruturada com parte dos membros do grupo Tambor de Cumba. A bibliografia utilizada baseou-se em autores da literatura que falam sobre hospitalidade em geral, além de outros que relatam a história do local. Identificou-se que, através das manifestações culturais, é possível valorizar a identidade negra, porém sem perder o viés de luta e resistência. Além disso, verificou-se que o grupo “Tambor de Cumba” se relaciona com a hospitalidade em seu evento, transformando estigmas ligados ao passado da escravidão em fonte de luta e visibilidade ao movimento negro no Rio de Janeiro.
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